domingo, 27 de janeiro de 2008

Mergulho

Confesso: o espetáculo era bom. Dezenas de mulheres desfilavam no concurso Musa Motoboy 2008. Daquelas mulheres carnudas, tenras, que caem bem com cerveja, caipirinha ou vinho. Loiras, morenas e negras que aceleram corações frágeis e atiçam sonhos onde o pecado não existe. Para tudo aquilo deve haver perdão, ou creia-se que Deus é um soldado norte-americano em Guantánamo.
Ali, escondidinha, a menina da produção do evento. Lembro o nome não. Registro seus olhos. Os mais bonitos que já vi. Azuis que convidam para um mergulho, infinito mergulho em um mar onde muitos devem ter naufragado.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Velozes, furiosos e molhados

Mesmo combalido por uma pneumonia adquirida nessa vida desregrada, lá fui fotografar o GP Cidade de São Paulo. Chuva de balde. Dessas de fazer lambari se sentir numa mansão. Abaixo a tentativa de fotografar o Lamborghini vencedor em plena reta. Em semiótica isso tem um nome que não me lembro mais.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Pisares 1 (para minha criança)

Ela é o Sol. Traz a luz e queima a pele. Um calor que sobe por dentro. Faz você emergir com a força do nascer. Te expele para o mundo causando dor e assombro do novo. Você vê que a proteção uterina se foi e algo se mostra em sua frente. São mãos chamando para a vida.

Ela anda firme. Passos duros para garantir as marcas de sua existência.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Gênios das cordas

Nesse vídeo você assiste Ivan Vilela tocando "Armorial" no Auditório do Ibirapuera. Uma das mais belas composições para viola tocada por um grande mestre.
Postado originalmente no YouTube (http://br.youtube.com/watch?v=9wiLCqUviVI)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Carência

A desgraça odeia a solidão. Ela sempre vem acompanhada de outras.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

O Líbano é aqui!

Lembro de 1987. Um amigo inusitado, brasileiro, recém chegado do Líbano, exibia fotos da terra onde foi criado. Marcas de balas e bombas de fazer inveja às favelas atuais. Sobravam escombros onde as pessoas, no seu dia-a-dia, amavam, se acariciavam e geravam filhos. Não há guerra que destrua os desejos.

Será? Pois cheguei aqui, nas bandas do bairro do Ipiranga, faz uns 10 anos. Bairro tranqüilo, ruas calmas no entorno da Av. Nazaré. Olhava o horizonte e via a cruz no alto da igreja da FAI (Faculdades Integradas do Ipiranga). Era mais que contraste, era o caminho para o céu.

O tempo passou e três espigões bloqueram o caminho. Atingir o céu necessitava desvio. Homens trabalhavam crentes em sua plenitude naquele mar de concreto, ferro, fios e blocos de cimento. Não sabiam da barreira que criavam para se alcançar a eternidade.

Choros e lamúrios pouco resolveram. Isso continua crescendo. E para cima. Ver onde é o leste e o oeste se tornará impossível em pouco tempo. Saber onde o Sol nasce será algo acessível apenas à quem pode pagar pela cobertura. Entraremos na era da bússola como marinheiros perdidos.

O terror bate na porta. Vejo velhos abandonando suas casas para locais mais distantes. Em seu lugar entrarão prédios altíssimos a nos esconder o sol. Antigos sobrados, bombardeados por marretas, esconderão para sempre a história dos que ali viveram. Esconderão nosso passado sob toneladas de concreto.