terça-feira, 25 de março de 2008

Sem palavras

Eis Tatyana (Cacau) ... nova cria da família.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Cacau

Escrever é um processo que, para mim, sempre foi dolorido. Poucos acreditam nisso depois que descobrem que sou capaz de escrever um longo texto em apenas duas horas. O problema não é escrever, é sentir. O bater dedos nessa maravilha de notebook que acabo de pagar é relativamente simples. Incomoda a dor da vivência. Mesmo nas boas experiências, a responsabilidade de descrever próximo ao real assemelha-se à dor do parto.

Essa dor é, porém, a motivação desse texto. Hoje serei tio. Vejo que meu blog se transformou em um relato familiar, coisa não pensada. Só que agora não dá para fugir diante de tamanha euforia. Tatyana, que nasce hoje é, entre os sobrinhos consagüínios, a terceira. Nunca fiz festa por Danilo e Bianca, filhos de minha irmã. Que me perdoem. É que a luta de minha cunhada Sandra para ser mãe merece um lugar reservado. Ou agrado Tatyana agora, ou jamais terei um tiquinho de seu amor.

Então resolvi escrever uma carta para que ela leia quando ainda for muito jovem. Naquela fase do livro infantil, onde meia dúzia de palavras bastam para aflorar a imaginação. Sabe lá o dia de amanhã. Vai que não estou aqui para curtir seus olhinhos.

Tatyana, minha flor
Ontem abri um ovo de páscoa e sonhei que você saía lá de dentro. Saía pretinha de chocolate. Saía doce de dar vontade de morder.
Você não veio lá dentro. Me deixou com mais, muito mais vontade. Uma vontade de te pegar em minhas mãos e sentir você derreter bem devagarinho.
De hoje você não escapa! Vou sentir o gosto do seu sorriso e a graça do seu choro dizendo que tá frio.
E sua mãe vai botar mais leite em sua receita. Para que você cresça e nunca acabe.
De seu tio que adora coisas doces,
Edu

sábado, 15 de março de 2008

Teresinha Fahl - minha mãe pequenina

Voltei às coisas comezinhas da vida. Conversava, por aí, sobre os momentos difíceis da vida. Lembrei de quase fui desta para sabe onde. Um joelho estourado e umas doses do remédio Profenid Retard. Quase morte.

Fiquei com tornozelos inchados, feito elefantíase. Estômago corroído que nada recebia. Perdi uns doze quilos dos poucos que tinha. Era bem magrelinho naquela época. Distribuía comprimidos em um prato e quase os comia de colher.

Cheguei bem perto da morte, podem acreditar. Até ser salvo por uma maçã, símbolo do pecado original. Eu, aos 16 anos, comi uma maçã ralada na colherinha. Recebi na boca com o carinho de mãe. As forças perdidas foram recuperadas. Vivi muito depois disso.

Hoje penso que minha mãe foi Eva. Deu-me a vida e a manteve mesmo que para isso tivesse que usar uma maçã. Quem até hoje não me atura, saiba: só estou aqui por conta dela.

À ela dou todos os direitos de errar e de pecar. Nada importa além do carinho.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Pai malvado

Tico e Teco são dois meninos normais. Exibem qualidades e defeitos em igual tamanho. O pai, porém, sente-se Rei e se faz chamar por tal. Tio Rei, o antigo Reinaldinho ruim de bola nas peladas dos meninos. Que diferença umas letrinhas mal colocadas. Fosse Ronaldinho e estaria na Espanha sem medo de ser barrado na alfândega.

Pois bem o Rei, pai malvado, só tinha olhos para Tico. As virtudes de Tico eram os defeitos de Teco... os defeitos de Teco, as virtudes de Tico. Daí sua predileção entre o bem e o mal, o certo e o errado, o positivo e o negativo. Configuração binária da mente.

Ensandecido entre o bem absoluto e o mal absoluto, decidiu que Teco deveria morrer. Tico ficou livre da pecha de Caim. Tio Rei decidiu matar Teco propondo a caça dele e de seus amigos. Recriou o holocausto do pensamento contrário. Inovador?, que nada. A TFP (Tradição, Família e Propriedade) já havia feito algo parecido nos idos dos anos 60.

Confuso? Explico.

O pai malvado tem nome e sobrenome: Reinaldo Azevedo. Jornalista sitiado nas páginas online da Veja. Aquela revista que hoje tem por lema "indispensável para o país que queremos ser". Contra as desigualdes? Ético? Democrático?

Pois entro no blog do tal Reinaldo Azevedo - auto-denominado Tio Rei - e encontro essa pérola:

Petralhas
Acabou passando um lote grande de petralhas. Vamos caçá-los.

Lá quem pensa diferente do dito cujo não tem vez. A violência verbal fez lembrar de outros caçadores, o CCC (Comando de Caça aos Comunistas). Impossível perder a oportunidade para atacar de Apparício Torelly, o Barão de Itararé.
Dizem que depois de ter seu jornal invadido pela polícia de Getúlio que o espancou e prendeu, pendurou na porta "ENTRE SEM BATER".

A ironia brotou e tomei coragem de postar no site de Sua (minha não é!) Majestade o seguinte comentário:

Tarso Felipe de Paula disse...
Em breve vão me chamar de direitista!!! Mas convenhamos, temos que urgentemente criar o CCP (Comando de Caça aos Petralhas). Se queremos ser um país ético e democrático, vamos deixar de pudores! Cadeia aos comunistas rancorosos, dinossauros ideológicos!!! Pau neles!!!

Democrático? Onde?

PS: Tarso Felipe de Paula (meu pseudônimo) pode ser abreviado como TFP.