segunda-feira, 24 de março de 2008

Cacau

Escrever é um processo que, para mim, sempre foi dolorido. Poucos acreditam nisso depois que descobrem que sou capaz de escrever um longo texto em apenas duas horas. O problema não é escrever, é sentir. O bater dedos nessa maravilha de notebook que acabo de pagar é relativamente simples. Incomoda a dor da vivência. Mesmo nas boas experiências, a responsabilidade de descrever próximo ao real assemelha-se à dor do parto.

Essa dor é, porém, a motivação desse texto. Hoje serei tio. Vejo que meu blog se transformou em um relato familiar, coisa não pensada. Só que agora não dá para fugir diante de tamanha euforia. Tatyana, que nasce hoje é, entre os sobrinhos consagüínios, a terceira. Nunca fiz festa por Danilo e Bianca, filhos de minha irmã. Que me perdoem. É que a luta de minha cunhada Sandra para ser mãe merece um lugar reservado. Ou agrado Tatyana agora, ou jamais terei um tiquinho de seu amor.

Então resolvi escrever uma carta para que ela leia quando ainda for muito jovem. Naquela fase do livro infantil, onde meia dúzia de palavras bastam para aflorar a imaginação. Sabe lá o dia de amanhã. Vai que não estou aqui para curtir seus olhinhos.

Tatyana, minha flor
Ontem abri um ovo de páscoa e sonhei que você saía lá de dentro. Saía pretinha de chocolate. Saía doce de dar vontade de morder.
Você não veio lá dentro. Me deixou com mais, muito mais vontade. Uma vontade de te pegar em minhas mãos e sentir você derreter bem devagarinho.
De hoje você não escapa! Vou sentir o gosto do seu sorriso e a graça do seu choro dizendo que tá frio.
E sua mãe vai botar mais leite em sua receita. Para que você cresça e nunca acabe.
De seu tio que adora coisas doces,
Edu

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