segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

A coroação do fim de ano

Pode falar o que quiser. Não acredito mais na redenção do último dia do ano. Dizem por aí que os últimos instantes de nossa vida são destinados ao arrependimento e à compreensão. Coisa tola. Na beirada do túmulo persistem os hipócritas que te odeiam. Os amigos, de verdade, dispensam as despedidas. Ao contrário, não se despedem. Aguardam o próximo encontro, alhures, na esperança de não terem sido enganados na promessa da vida eterna. Excessão aos poucos e bravos que podemos escolher para carregar o caixão. Estes levam o fardo de nossa vida em nossos últimos momentos de banho de sol.

Pois morremos uma vez por ano. É nessa porra de 31 de dezembro onde, por obrigação, temos que deixar o passado e pensar num ano novo repleto de felicidades. Pensamos em deixá-lo como momento de ruptura. A transformação deve ser instantânea, indiferente às mazelas dos outros 364 dias e seis horas anteriores. Que nada! Os últimos minutos insistem em ser a repetição profunda de nossas dores. É o golpe do pugilista que nos leva à lona para reacordarmos felizes por não parar em uma UTI.

É a alegria dos perdedores. A alegria de poder tentar mais uma vez. A alegria de enfrentar, novamente, o sofrimento que nos consome até a hora da morte.

Um comentário:

Anônimo disse...

Edu “veja bem!” Com o novo ano chega a esperança de mudança, melhora e tudo mais...
Porém o que mudou? Tudo continua a mesma coisa.
O importante é pararmos um dia no ano para avaliação dos nossos erros e acertos, renovando assim nossas experiências. Talvez este seja o dia escolhido por muitos ou também pode ser o dia do vazio absoluto para outros.
O que não devemos é achar que no dia 31/12 irá acontecer “o milagre” é a mesma coisa que esperar Papai Noel e o Coelhinho da Páscoa. “O milagre” acontece todos os dias, na luta e na batalha por um ideal.
O dia 31/12 não é a alegria dos perdedores e sim a alegria dos que acreditam no próprio poder de mudar as coisas. Feliz 2008!!
Um super abraço,
Val